Na reunião na tarde desta quarta (24), os deputados decidiram esperar a íntegra dos inquéritos das Operações Favorito e Placebo que apuram irregularidades na Saúde do Rio de Janeiro.Por G1 Rio
A comissão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que analisa o pedido de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC) decidiu suspender o prazo de 10 sessões da defesa que começaria a ser contado na sessão plenária desta quarta-feira (24). O G1 transmitiu, ao vivo, a sessão que começou por volta das 14h.
Na primeira reunião da comissão, os deputados decidiram esperar a íntegra dos inquéritos das Operações Favorito e Placebo que apuram irregularidades na Saúde do Rio de Janeiro. A proposta de adiamento foi feita pelo relator, Rodrigo Bacellar (Solidariedade).
Mais cedo, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) voltou atrás e decidiu transmitir a primeira sessão da comissão especial de impeachment do governador.
A proposta foi aprovada por 24 dos 25 deputados que integram a comissão. O deputado Marcos Abrahão (Avante) estava ausente. Logo após o fim da sessão, que durou quase uma hora, o deputado Waldeck Carneiro ( PT), comentou a decisão.
“Já está constatado que, neste primeiro momento, a estratégia de defesa do governador passar por um processo de desqualificação dos trabalhos desta comissão por meio de algum erro técnico.”
Outros parlamentares não comentaram porque foram para a sessão ordinária online desta quarta.
Na prática, a partir de agora o prazo do impeachment só começa a contar novamente (10 sessões ordinárias) a partir da chegada da documentação. Além disso, em julho deve ocorrer o recesso parlamentar.
Fator ‘desembargadores’
Para o advogado de defesa de Witzel, Manoel Peixinho, o fator “desembargadores” também pesou na decisão dos parlamentares de suspender o prazo do impeachment. O tema chegou a ser citado na reunião desta quarta.
Conforme explicou Peixinho, em outra fase do processo cinco magistrados vão compor um “tribunal misto”, com mais cinco deputados, para avaliar se Witzel deve ser afastado.
Soma-se a isso mais um detalhe sensível e que pode acabar derrubando o processo: para conseguir o afastamento, são necessários dois terços dos votos no “tribunal misto”. “Se três dos desembargadores forem divergentes, já era”, previu o advogado.
O que diz o pedido de impeachment
A Comissão Especial julga pedido de impeachment pedido pelos deputados Luiz Paulo e Lucinha, ambos do PSDB.
No pedido, são feitas as seguintes acusações:
- Compra de respiradores no combate ao coronavírus com suspeita de superfaturamento
- Construção dos hospitais de campanha, cuja licitação é investigada
- Suposto vínculo de Witzel com o empresário Mário Peixoto
- Revogação da desqualificação da OS Unir Saúde, que seria ligada ao empresário Mário Peixoto e está sob suspeita do Ministério Público Federal
Governador do RJ, Wilson Witzel — Foto: REUTERS/Adriano Machado
Witzel é citado
Em etapa protocolar, o governador Wilson Witzel (PSC) foi citado, oficialmente, na terça-feira (23) sobre o impeachment.
Antes de receber “ato de citação” pela Procuradoria da Alerj, o advogado Manoel Peixinho entregou à Casa um pedido para que o processo de impeachment aceito pelos parlamentares fosse suspenso. Na alegação, são apresentados, principalmente, dois motivos para a interrupção do processo:
Defesa de Wilson Witzel pede suspensão do pedido de impeachment do governador
- Não foram incluídos na denúncia os documentos dos inquéritos no Superior Tribunal de Justiça que envolvem Wilson Witzel – e que embasam o pedido de impedimento do governador.
- O rito não foi definido formalmente.
Em nota, a Alerj informou que o pedido de suspensão de prazos e esclarecimento do rito seria encaminhado à Procuradoria da Casa. Depois, a própria Procuradoria irá emitir parecer sobre a solicitação.
Comissão Especial
No dia 15 deste mês, foram definidos os nomes dos 25 deputados da comissão especial responsáveis pela análise da denúncia contra o governador.
O governador teria um prazo de até dez sessões da Alerj para apresentar a defesa no processo antes da decisão da comissão na sessão desta quarta.
Após a apresentação da defesa, a comissão terá cinco sessões para apresentar um parecer final sobre a questão. Caso a defesa não se manifeste até a conclusão das dez sessões, de qualquer forma um parecer deverá ser emitido.
Concluído, o parecer do grupo especial será lido no plenário e incluído na votação da ordem do dia. Na sequência, os parlamentares questionarão o relator, que responderá as perguntas – essa discussão pode durar mais de um dia. Em seguida, abre-se a votação nominal.
Deputados votarão se a Casa receberá a denúncia – para que isso ocorra, será necessária maioria absoluta (36 votos). Caso o processo seja aprovado, o governador é afastado e o Tribunal de Justiça forma um tribunal misto (juízes e deputados) para decidir se o governador perde ou não o mandato.
Passos do impeachment
- Alerj decide pela abertura do processo de impeachment
- Abertura deve ser publicada em Diário Oficial em até 48 horas
- Partidos indicam representantes para Comissão Especial que analisará se denúncia deve ser aceita
- Após indicações, Comissão Especial tem 48 horas para se reunir, escolhendo relator e presidente
- Witzel é citado e tem até 10 sessões para se defender
- Comissão Especial emite parecer sobre admissibilidade da denúncia em até 5 sessões a partir do recebimento da defesa (se a defesa não se manifestar, o parecer deve ser emitido no prazo de 10 sessões)
- Parecer da Comissão Especial é lido no plenário e incluído na votação da ordem do dia
- Deputados discutem e questionam o relator, que responde as perguntas. Discussão pode durar mais de um dia
- Encerrada a discussão, é aberta votação nominal
- Deputados votam se recebem a denúncia, por maioria absoluta (são necessários 36 votos)
- Se aprovada, Witzel é afastado e o Tribunal de Justiça forma um tribunal misto (juízes e deputados) para decidir.